O efeito das redes sociais na linguagem

Como as redes sociais influenciam a forma de nos comunicarmos

Somos expostos o tempo todo a diversos estilos de linguagem, e utilizamos essa diversidade no nosso cotidiano para conversar uns com os outros, expor nossos pensamentos, ideias e opiniões. Desde uma conversa com amigos em um bar até uma importante reunião de trabalho, estamos sempre adaptando nossa maneira de nos expressar de acordo com o ambiente em que estamos inseridos. E agora, com a crescente expansão da internet e das redes sociais, essa característica da nossa linguagem sai de nossas vidas reais e entra no mundo virtual, cujas “regras de etiqueta” se apresentam de um jeito semelhante, porém novo.

A alta informalidade no Twitter e Facebook, o tom mais sério e profissional no LinkedIn, a vaidade no Instagram… Essa diferença se dá não só por cada plataforma ter função e público diferentes, mas também pelo comportamento que os usuários adotam ao usá-las:

  • Twitter e Facebook: já que são lugares para falar sobre “o que está acontecendo” e “no que você está pensando”, as pessoas compartilham pensamentos e ideias cotidianas, aquilo que estão pensando no momento, sem se preocupar com regras gramaticais, e se sentem livres para escrever o que querem e como querem;
  • LinkedIn: por ser direcionado ao mundo dos negócios, seus usuários se preocupam mais em seguir a norma culta e são mais formais em seus textos, visto que a impressão que passam é importante, pois reflete sua imagem profissional;
  • Instagram: embora exista uma grande informalidade entre os usuários, também é comum ver citações de autores famosos ou frases motivacionais em selfies ou fotos de viagens, a fim de passar, talvez, um ar mais intelectual. 

Adaptando-se à linguagem das redes

Se perguntarmos aos usuários dessas plataformas por que se comunicam assim em cada uma delas, provavelmente não saberão apontar o motivo. Talvez nem as próprias plataformas saibam responder, afinal elas não os obrigam a se comunicarem de uma determinada maneira. Isso acontece pela influência entre os próprios usuários: quanto mais usamos determinada rede social, mais influenciados somos pelo modo de agir e de se comunicar nela, mesmo que, a princípio, não sigamos essas regras não verbalizadas de comportamento.

É como se fossem mundos diferentes em que seus habitantes concordassem, conscientemente ou não, com uma maneira de se expressar e conversar entre si. E é assim que a vida virtual se assemelha à vida real: estamos sempre criando novas formas de comunicação, com base no local em que estamos, nas pessoas com as quais interagimos, na mensagem e imagem que queremos passar, e no nível de (in)formalidade que o contexto permite. 

É interessante o período de adaptação: o desconforto com o primeiro contato com uma nova linguagem, a impulsiva negação e repúdio de seu uso em qualquer contexto, a convivência diária, mesmo que involuntária, e, finalmente, o momento em que nos vemos rendidos, utilizando-a em nosso dia a dia, tanto dentro quanto fora da internet, como se sempre tivéssemos nos comunicado dessa maneira. Resistimos até o último momento, quando então percebemos na prática que, quando há um grande número de pessoas à nossa volta usando uma linguagem diferente da nossa, não tem como fugir e se blindar. 

A linguagem das empresas

E nem as empresas e marcas escapam disso. Na verdade, elas aproveitam e usam a seu favor, adaptando a forma de se promover para chegar ao público.  Entre todas as maneiras de fazer isso, está a linguagem, um dos principais e mais rápidos meios de conseguir acesso às pessoas. Afinal, qual o melhor jeito de ganhar a simpatia do público senão agindo como ele e, assim, se distanciando da impressão de formalidade exagerada que as empresas costumavam passar? 

Vejamos como um exemplo a Netflix, que utiliza suas redes para promover seu conteúdo e cuja principal ferramenta de aproximação com seu público é a linguagem: o uso de memes e expressões atuais que estão fazendo sucesso na internet, um tom mais leve e divertido no contato direto com cada um que interage com a empresa. Não é à toa que outros serviços de streaming adotaram a mesma tática em suas redes. Mesmo não tendo sido a primeira, podemos dizer que é uma das que mais sabe usar esse recurso e, com isso, o popularizou.

Destruindo a(s) barreira(s)

Então, isso significa que, para se enturmar nas redes sociais, seja você um indivíduo ou uma empresa, é preciso aprender a agir como a maior parte dos usuários? Na verdade, é preciso destruir a barreira da linguagem que nos separa das novas formas de comunicação. 

Assim como grandes marcas vêm derrubando suas barreiras — de linguagem e de marketing, há tanto tempo estabelecidas — para se adaptar a este novo mundo e, dessa forma, se aproximar de seu público-alvo, não é uma tarefa impossível derrubar nossas barreiras — estabelecidas não só pela norma culta do português, mas também pelas nossas próprias ideias de “certo e errado” — a fim de conhecer e, por que não?, até usar novas formas de se expressar e de se comunicar. 

No fim de todo esse processo de adaptação, o resultado não tem como não ser positivo: uma empresa tem um alcance maior quando aprende a falar com seu público-alvo, e as pessoas enriquecem seu vocabulário quando se permitem conhecer novas linguagens. O que precisa mudar é a nossa resistência; esse é o primeiro passo para que consigamos um contato natural com este mundo desconhecido e cheio de novidades.

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